quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Lições da Islândia

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Nem só por causa da crise internacional se retiram lições da Islândia. Há outras áreas, não necessariamente económicas, em que a Islândia pode ser um exemplo para outros países.
O governo islandês demitiu-se e foram marcadas eleições antecipadas. Todos vimos na televisão as amanifestações populares para pressionar o primeiro-ministro a afastar-se. O Presidente islandês marcou então eleições para Abril e nomeou um governo interino presidido, pela primeira vez, por uma mulher: Johanna Sigurdardottir. Contudo, Johanna Sigurdardottir tornou-se também a primeira pessoa abertamente homossexual a chefiar um executivo ocidental. Como se escrevia ontem no Público: «É a primeira vez que um político assumidamente homossexual ocupa este cargo, mas na Islândia isso não é relevante». Não é relevante, e ainda bem.
«No seu país, diz Erlingsdotir, todos tendem a ver que a vida privada de cada um é a vida privada de cada um - e não tem de ser trazida à praça pública. A escritora notou ainda que a Islândia já teve uma Presidente - a quarta chefe de Estado do país, em 1980 - que era ainda mãe solteira. E o acontecimento, lembra ela, foi bastante noticiado na imprensa mundial, mas no país foi encarado com equivalente apatia. O mesmo acontece agora: o secretário-geral dos sociais-democratas, Skuli Helgeson, sublinhou que o mais inovador era que pela primeira vez havia o mesmo número de ministros e de ministras».
O Público continua: «Na verdade, já houve um primeiro-ministro gay na Europa - Per-Kristian Foss, que em 2002 assumiu muito brevemente a chefia do Executivo norueguês (era ministro das Finanças e ocupou o cargo enquanto o primeiro-ministro e o ministro dos Negócios Estrangeiros estavam fora do país), mas foi uma passagem tão breve que não chega para ser considerado "o primeiro". Apesar de ir ocupar o cargo como interina, Johanna Sigurdardottir deverá ser primeira-ministra até às eleições de 25 de Abril e tem a cargo a importante tarefa de liderar um país na bancarrota. Na tomada de posse, no domingo, prometeu que o seu governo, "baseado em valores sociais", iria "trabalhar rápida e energicamente" para sair da crise.
Associações de defesa de direitos de homossexuais de toda a Europa saudaram a escolha de uma lésbica para a chefia do Governo. Para se ter noção do que isto representa, pode olhar-se para o panorama europeu de políticos abertamente gays: desde 2001, há três presidentes de câmara, dois na Alemanha (os presidentes das câmaras de Berlim, Klaus Wowereit, e de Hamburgo, Ole von Beust), e um em França (Bertrand Delanoë, presidente da Câmara de Paris). Delanoë - que é agora considerado um possível candidato às presidenciais de 2012 - foi atacado em 2002 por um homem que disse odiar "políticos, o Partido Socialista e homossexuais". Na semana passada, um membro do Executivo francês, o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares Roger Karoutchi, também assumiu a sua homossexualidade. Na Grã-Bretanha, a associação Stonewall lembrou que mais do que ter políticos assumidamente homossexuais no mais alto cargo do Executivo, seria talvez mais importante que os Parlamentos dos países representassem a população - e no Parlamento britânico há apenas um deputado homossexual. Em Portugal, não há nem houve ainda, nem no Governo, nem no Parlamento, políticos que tivessem assumido a sua homossexualidade.»
Portugal podia ser diferente do estereótipo misógino dos países de sul, mas não é. Não é que isso seja importante por si só: não tenho paixão pelas coscuvilhice. Mas seria importnate para que as sociedades começassem a olhar para a homossexualidade sem preocnceitos, da mesma forma que hoje olham para as uniões de facto, os divórcios ou as mães solteiras sem recriminação. Havemos de lá chegar... à igualdade, claro.

1 comentário:

João Roque disse...

Eu também não sou coscuvilheiro e não me interessa saber quem é ou quem deixa de ser.
Mas claro que imagino ter havido e que haja na vida política portuguesa alguns ou algumas pessoas nessas condições; aliás alguns desses nomes são falados "entre dentes"; já acho ignóbil que, como aconteceu em anteriores campanhas eleitorais se lancem atoardas sobre candidatos e que quem as manobre seja oitro candidato e isso aconteceu entre nós com José Sócrates e P.S.Lopes..., o primeiro sendo o alvo e o segundo o mandatário.
Aliás, e não querendo mudar o rumo do tema, já me enoja que Sócrates, que não tem sido um primeiro ministro exemplar, seja sistemáticamente alvo de suspeitas de alguma coisa, em períodos eleitorais; ou serão apenas "coincidências"?????
Abraço.