quinta-feira, 6 de março de 2008

Campanhas

Esta coisa das censuras parece que pegou moda. No final do ano passado, a Associação de Profissionais por uma Publicidade Responsável, em França, censurou um cartaz em que surgem, [como podem ver, em baixo] dois homens nus numa cama, cartaz esse que fazia parte de uma campanha de luta contra a SIDA entre os homossexuais. O argumento? «Demasiado explícito.»

Photobucket
O cartaz vetado: «Todos os dias em França, 4 homossexuais descobrem que são seropositivos.
O VIH está sempre lá. Proteja-se»

A Associação Act Up Paris (que luta contra a SIDA) pediu para que o cartaz continuasse a ser divulgado e o Instituto Nacional de Prevenção e Educação para a Saúde condenou também o veto da campanha.
Tudo isto leva de novo a reflectir sobre o que se passa na cabeça das pessoas quando chega a altura de prevenir as infecções por HIV. Estas campanhas, cujos resultados são e serão sempre questionáveis (tal como questionável é se falo ou não para o boneco neste blogue ou se alguém, de facto, lê isto), têm sobretudo uma função de passar mensagens improtantes de forma muito simples. Quando as pessoas estão na paragem do autocarro ou vão na rua ou estão num centro comercial, olham de relance, lêem a mensagem e pronto. Se isso influencia ou não os seus comportamentos, é outra conversa. Eu acredito que estes cartazes têm uma importante função de despoletar informação, acender um rastilho e, ao confrontar as pessoas com uma realidade, neste caso as infecções por VIH nos homossexuais franceses, fazer com que a mensagem da prevenção consiga passar.
Claro que nada disto chega. São precisas várias campanhas, gigantescas, que bombardeiem as pessoas e as façam abrir os olhos. É, contudo, ao nível das escolas, com os jovens, que as campanhas devem ser intensas e continuadas. Uma coisa é saber o que a SIDA é e o que ela implica, e outra coisa é, no momento crucial, que a informação possa modificar o comportamento, isto é, fazer com que o preservativo seja usado. Este paradoxo da informação/desleixo está mais associado do que se pensa. Apesar de algumas pessoas estarem realmente informadas sobre o vírus, continuam a desleixar-se e a pôr-se em risco.
As campanhas são importantes, sem dúvida, mas é preciso que as pessoas tenham dois dedos de testa no momento da verdade. Senão, que diferença faz estarem informados?

Sem comentários: